terça-feira, 3 de março de 2009

A competição de piscar

Eles se olhavam. Os olhos esmeralda dela encarando-o num momento raro e preciso de desafio. Olhos que brilhavam vendo-o com amor e imperninencia corajosa. Simplesmente olhando-o. Encarando-o. Seus olhos nos dela, os dela nos seus e o cheiro leve e delicado das tulipas que ele acabara de comprar-la. Ele viu o sorriso dela. Um sorriso tão lindo, como o sol passado por entre as nuvens brancas que eram sua bochechas. O vermelho daqueles lábios, que ele sabia que eram macios, que ele sabia que eram doces. O vermelho-sangue mais vivo da terra. E os olhos! Aquele maravilhoso par de esmeraldas. Como se Deus apontasse para a terra e dissesse, “para aqueles que não acreditam no céu, eis prova do contrário.”. Os olhos esmeralda que não saiam de seus olhos. Os olhos que o miravam de forma marota. Ela de repente riu e deu-lhe um tapa no ombro. Ele piscou assustado percebendo o que fizera.

– Você piscou de novo! – ela exaclamou rindo. Suas mãos brancas desenhando no ar como se fosse uma dança. – Nunca consegue me vencer nessas coisas! – ele deu de ombros envergonhado.

– Eu me distraí.

Júlia olhou-o curiosa. Seus lábios vermelhos se curvando de forma cômica enquanto ela deitava doce e femininamente a cabeça de lado. Ele segurou um suspiro apaixonado que lutava para escapar-lhe. – Com que? – ela perguntou com uma voz contida.

Ele suspirou tentando pensar em como escapar dessa. Então um pensamento lhe ocorreu: casete, escapar do que? E escapar por quê?

– Com uma garota linda – ele disse tentando não parecer tão envergonhado como estava.

Ela abriu a boca surpresamente por um momento e depois mordeu o lábio inferior sorrindo e se encolhendo envergonhadamente. Ali sob as sombras irregulares das folhas que deixavam raios de sol morno escapar para aquecer os rostos deles ele se empurrou para frente, para perto dela. Ele adorava aquilo. Aquela mordidinha, os dentes apertando delicada, docemente aqueles lábios macios, doces, vermelhos. Ele se aproximou mais, os olhos verdes dela agora refletiam o rosado na toalha de piquenique olhando para baixo para longe dele, mas ele pôde ver-los indo de uma parte a outra da toalha nervosamente. Ele sentia o coração bater na sua garganta e seu estomago sumira dentro de um nó, suas mãos suavam, mas ele não percebeu isso. Apenas via a ela, apenas sentia a ela. Sentia a sua respiração na sua pele, ouvia-a respirar e, por alguns breves momentos pôde jurar que ouviu o coração dela bater com mais clareza do que poderia esperar ouvir o seu proprio. O mundo sumiu, não via nada além daquelas madeixas iluminadas de amarelo pela luz que escapava por entre os galhos como se a propria luz quisesse, desejasse com todo o coração, chegar até ela. Como se ela fosse a única coisa naquele parque que valesse a pena iluminar. E ela reluzia. Ele não percebeu que estava chegando perto até que os olhos dela se voltassem para os dele. Aquelas esmeraldas brilharam vendo-o chegar mais perto, ele a sentiu perder o fôlego – ele não tinha mais fôlego há muito tempo – e dar uma breve suspirada antes de...

Ah... Os lábios dela nos seus. – Sim, Deus; eu vi as suas provas e agora acredito no paraíso.

Deus estava lá. Em algum lugar Ele olhava vendo o inicio oficial de um novo amor. Ele quase pode sentir-Lo nos lábios dela. Tão macios quanto ele sempre sonhou; tão doces quanto tudo que ele jamais esperaria provar na sua vida como confeiteiro. O beijo. O primeiro beijo.

Ele não sabia, mas eu como narrador onisciente sei que aquele beijo durou quase cindo minutos. Quando seus lábios foram puxados dos dela – arrancados à força – ele ficou com os olhos fechados por mais uns instantes antes de olhar para ela. Ela lhe sorria. Um sorriso. Um sorriso e Reis pôde acreditar que nada de ruim no mundo poderia acontecer.

– Então… – ela gesticulou desviando o olhar, tão corada quanto ela poderia ficar. – Quem era a garota linda que te fez piscar?

Ele simplesmente a olhou com um sorriso fino esboçado nos lábios. Era tudo o que ela precisava. Um olhar, e ela poderia ter certeza absoluta. Simples assim, ela o lia tao claramente quanto um livro.

– Bem... – ele começou desviando o olhar e decidindo quebrar o gelo. – Eu tinha uma ex-namorada... – ele mentiu. Ela riu e bateu nele com um livro que estava ao alcance da sua mão, ele não reagiu apenas riu.

esse é um pedaço de uma coisa na qual eu estou trabalhando. acho q quando eu terminar vai ser um romaçe dividido em duas partes. é um flashback de uma memória, um fragmento. Não faço a minima ideia de por q diabos eu o pus aqui, mas aqui está.

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