Na minha cidade as pessoas têm medo da chuva. Nunca perdi a casa numa enchente então talvez não seja o melhor juiz, mas eu não tenho medo da chuva. Eu a amo.
Ela é uma amante caprichosa. É ocasional e fortuita – ouço homens que viveram mais do que eu dizendo que isso é o melhor tipo de amor.ela é um amor doce, que jamais poderei beijar. Não tem rosto, nem cor. Mas tem uma voz calma e rimborilante das gotas nos telhados e tem o perfume doce e suave de terra molhada, ela não tem um beijo, mas tem suas carícias leves e refrescantes no meu rosto, seu abraço gentil e in constante nos meus braços enquanto seguro o papel. E o vento que vem lento e úmido pela porta aberta da varanda levantando a leve cortina branca.
Oh, como é doce a gelada chuva de verão.
As cores do mundo ficam amenas. O verde vivo dos morros cobertos por árvores se torna um cinza claro e pálido. E lentamente minha amante torna o mundo colorido um borrão claro e suave de luz pálida riscado pelas gotas incertas e ao mesmo tempo constantes que caem pesadas beijando os telhados e emoldurando-os em uma leve nevoa esbranquiçada. Envolvendo-os levemente.
E vem entrando outra brisa que me devolve o doce perfume. Um abraço fresco e envolvente, carinhoso e leve e o adocicado perfume da minha mais carinhosa amante: a Chuva de Verão.