quinta-feira, 9 de abril de 2009

Cidade sombria

A lua era clara e o céu negro como a fumaça que escapara do crematório naquela mesma manhã. Mas ela não estava no crematório. Estava andando pelas ruas escuras da cidade apertada e escura. Não sombria, apenas escura. Ela amava demais aquela cidade para pensar nela com um termo pejorativo como “sombria”. O pior que lhe viria à cabeça seria escura. Era uma cidade escura. Ela sorriu, era demasiado feliz – ou ingênua – para pensar em qualquer mal da cidade.

Mas, caros leitores, “escuro” há muito deixava de ser um eufemismo para ser uma puta mentira. A cidade daria calafrios na espinha de muitos homens corajosos que eu conheço. O pior não eram as ruas escuras, extremamente estreitas e apertadas e mal iluminadas, o frio constante, ou o chão irregular de ladrilhos antigos de pedra vermelha. Era o modo como todos os prédios, todas as paredes, todos os antigos postes de metal pareciam se dobrar na sua direção, te encurralando. Aquela cidade era pior do que sombria. Mas ela não havia pensado isso.

Ela sorria. Ela tinha um encontro.

Um comentário:

  1. Quando mais velhos, mais realistas ficamos; nos preocupamos mais com aquilo q tem ao nosso redor...

    Ingênua a menina? Sim, mas ela esta tranqüila se sentindo bem.

    Que nos vale? Ser ingênuo e andar tranquilo, ou ter conhecimento das coisas e ter pavor... Pessimismo? Reter-se das coisas "pq a cidade é perigosa?" :)

    Adorei primo

    bju

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